terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Natal 2009!

De David Mourão Ferreira

Natal, e não Dezembro...

Entramos, dois a dois somos duzentos,
Duzentos mil, doze milhões de nada.
Procuremos o rastro de uma casa,
A cave, a gruta, o sulco de uma nave...
Entremos despojados, mas entremos.
Das mãos dadas talvez o fogo nasça,
Talvez seja Natal e não Dezembro,
Talvez universal a consoada.


É muito difícil pôr imagens e já estou um pouco cansada...
Quero, no entanto falar sobre este tema. Voltando às imagens, provavelmente, não encontro uma que traduza tudo o que me vai na "alma"...
Natal! Gosto do Natal! Porquê? Consumismo?...
Sim é uma época de cosumismo, e eu, talvez, até tenha alguma tendência consumista, embora controlada, mas não é só no Natal. Gosto de fazer compras...
Gosto de dar prendas (também gosto de receber... claro), gosto de ver as iluminações de algumas ruas.
Gosto de confraternizar...pois, não é só no Natal...

Se pensar nas guerras, na fome, nas desgraças, nas injustiças que há em Portugal e no Mundo, fico angustiada, mas não é por se festejar o Natal, em família, que esses problemas se resolvem...
Esses problemas vão-se atenuando com a luta, as lutas que no dia-a-dia se desenvolvem no Mundo e cá no nosso cantinho, tão mal tratado pelos nossos governentes.

Há uma tradição que se pode manter e de maneiras tão diferentes. O Natal, para muitas pessoas, perdeu o cunho religioso, já é uma festa laica com uma miscelânia cultural que se foi organizando ao sabor dos tempos e das modas, também.
Gosto do Natal! O Pai Natal de gesso feito e pintado pelos doentes do Hospital de Conde Ferreira que o meu pai tinha no escritório e que se perdeu. Como eu gostava de olhar e brincar com ele quando o meu pai deixava, sem sair do escritório.
Os Natais da minha infância (até aos meus nove anos)...
As mulheres da família juntavam-se a fazer o bacalhau, a açorda de polvo e a quantidade infindável de doces... Uma tia velhinha brincava com as crianças enquanto as vigiava... O meu pai enfeitava uma grande árvore de Natal... E vinham os presentes... tantos presentes!...
Fui uma criança privilegiada porque, nesse tempo também havia consumismo... talvez não houvesse tanto que comprar, mas as assimetrias sociais eram bem visíveis!...
Os Natais depois dos meus dez anos (depois do divórcio dos meus pais), não deixaram de ser razoáveis, embora sem a grandiosidade dos anteriores... e eu recordo as idas ao "Compra Bem" comprar roupa nova para estrear no Natal... havia menos dinheiro...mas a união da família (eu com a minha mãe a minha irmã e o meu irmão) e... com o meu pai quando íamos os três com ele, ou... mesmo estando longe fisicamente, estava perto...
Houve momentos mais complicados... Esses não quero valorizar.
Depois dos meus pais constituirem novas famílias, o nascimento das minhas irmãs mais novas foram outros momentos em que o Natal nos trazia mais pessoas para partilharmos a nossa união (repartida).
O que, há vinte e oito anos partilho com a família que contruí, com o meu companheiro e o nosso filho, fez-me nunca perder o encanto que pode ter o Natal, se nós lho quisermos atribuir...

Um comentário:

Graciete Rietsch disse...

Querida Olga que bom manteres essa ideologia tão fresca tão pura sobre a festa do Natal. Eu não consigo. Tenho muitas recordações boas do Natal, convosco, com o vosso pai e até com o Fernando, mas tenho também outras que me deixaram grande mágoa e que, nestes mmometos, se somam aos defeitos que eu condeno nesta sociedade não me deixando disponibilidade interior para apreciar convenientemente esse convívio familiar. Isto não quer dizer que eu não me sinta feliz por estarmos todos juntos. É muito bom, mas não é preciso ser Natal até porque me dá a sensação de uma obrigatoriedade e eu prefiro o que acontece espontâneamente. O defeito é meu. Eu sei. E ainda bem que tu pensas de outro modo. Isso só mostra como a tua vida pessoal foi conseguida. Há,no entanto, uma coisa que eu quero que fique bem assente. Com Natal ou sem Natal eu gosto muito de todos vós. Adoro-vos.