domingo, 30 de maio de 2010

Grande Manifestação da CGTP



Estivemos lá!

Manhã cedo, partimos do Porto rumo a mais uma jornada de luta nacional num país cada vez mais ameaçado, num país cada vez mais vendido aos interesses estrangeiros. Vendido ao capital europeu e ao imperialismo americano...

Quando em 1974, Portugal, renascido, dava os primeiros passos na construção de uma sociedade "sem amos", a contra-revolução conspirava argumentando que iríamos copiar os modelos das primeiras sociedades socialistas... Nós nunca tivemos modelos, mas fomos e somos solidários com vários Povos do Mundo...

Claro que uma campanha nesse sentido só interessava para denegrir as conquistas que se iam forjando com a confiança num Futuro para o qual tantos resistentes( sobretudo os comunistas) lutaram, foram presos e mesmo mortos. Só interessavam para fazer desacreditar a "alma do 25 de Abril", o nosso Vasco Gonçalves que, nos momentos tão difíceis de 1975, disse que o Povo tomasse o seu destino nas suas mãos.

A Igreja manteve e mantém o seu papel histórico de alimentar a subserviência popular direccionando-a para posturas conciliatórias e contra as próprias populações... E minando aqui/ali, aliada sempre ao grande capital estrangeiro, foi adormecendo aqueles (as) que sempre sofreram as medidas mais injustas e de desfavorecimento social...

Mas
de José Carlos Ary dos Santos

"Soneto do trabalho

Das prensas dos martelos das bigornas
das foices dos arados das charruas
das alfaias dos cascos e das dornas
é que nasce a canção que anda nas ruas.

Um povo não é livre em águas mornas
não se abre a liberdade com gazuas
à força do teu braço é que transformas
a fábrica e as terras que são tuas.

Abre os olhos e vê. Sê vigilante.
A reacção não passará adiante
do teu punho fechado contra o medo.

Levanta-te meu Povo. Não é tarde.
Agora é que o mar canta é que o sol arde
pois quando um povo acorda é sempre cedo."


E o Povo não dorme sempre!
Ontem estiveram em Lisboa mais de trezentas mil pessoas em luta contra as medidas que cada vez mais mais fazem crescer as assimetrias sociais com o agravamento das condições de vida e os aumentos fabulosos das especulações económicas. Ontem, o Povo fez ver que também é capaz de estar atento e participar na mudança da sociedade.

Claro que a ofensiva começa imediatamente... Mas resistiremos!
Um dia, poderemos "tomar o nosso destino nas nossas mãos"...

sábado, 1 de maio de 2010

Estamos num Estado Laico! (?)...

Já vinha a adivinhar... já tenho ouvido... Mas hoje, confirmei, com uma notícia da televisão, que vai haver tolerância de ponto no dia 13 de Maio para que os portugueses/as portuguesas da função pública possam ir ouvir o Papa... As escolas até vão fechar...
E a crise?... Para isto não conta e quem não for católico e quiser ir para a escola trabalhar? E os pais, que não são da função pública, o que fazem? Faltam ao trabalho? Levam as crianças para os seus empregos?...
E o dinheiro que se tem gasto com este evento? Quando se trata do rendimento social de inserção, "ai, que somos nós, contribuintes, que pagamos..." e quem paga as grandiosas obras para as missas especiais no Porto e em Lisboa? Não são também os contribuintes? Mas quanto a isto quem se pronuncia?... Eu também sou contribuinte e prefiro que o "meu dinheiro" sirva para ajudar quem mais precisa. No entanto, se não houvesse tanto desemprego, não seria necessário atribuir tantos rendimentos sociais de inserção, que só existem porque Portugal é um país injusto onde as assimetrias sociais são cada vez maiores.

Estou indignada!

Um governo (um primeiro ministro) que faz passar os trabalhadores por preguiçosos que "preferem receber o subsídio de desemprego a trabalhar"; que cada vez mais protege os investimentos não lucrativos; que não desenvolve medidas para a abertura de postos de trabalho com direitos; cada vez mais submisso aos interesses estrangeiros; que, a propósito da crise, promove medidas contra os trabalhadores, pedindo-lhes os maiores sacrifícios para resolver a crise...
É este governo, que é laico, ou não é?... Pela Constituição é!
É este governo que apoia incondicionalmente a vinda do Papa, promovendo feriados.
A vinda do Papa diz respeito à Igreja Católica, somente.
Os católicos que se organizem...
O Papa também é um Chefe de Estado? Bem, não me lembro que alguma vez tenha havido feriado quando algum outro Chefe de Estado visitou o nosso País.
Há o mesmo tratamento para as outras confissões religiosas? Não há!
Em qualquer situação, cada organização, política ou religiosa, desenvolve os seus eventos e quem pode participar vai, quem não pode não vai... Isto só não acontece com a Religião Católica.
Não estou contra a religião, até porque as respeito todas, mas esta postura não dignifica o nosso país.
Quando há greves, os trabalhadores "não pensam na crise"... "são irresponsáveis"...
Lembremo-nos que a grande maioria de quem faz greve, é quem mais cumpre. Eu sei do que estou a falar.
Há crise ou não há? Ah! neste caso a crise foi adiada... recomeça no dia 15 de Maio porque o Papa ainda vem ao Porto no dia 14, e como vai haver missa de manhã as escolas também vão fechar.
Senhores governantes não brinquem com o Povo... Não resolvam a crise à custa de quem menos tem... Não se escudem na crise para aplicar medidas cada vez mais gravosas para o Povo, para quem trabalha...
O Povo português não é preguiçoso! As fábricas encerram; as condições de trabalho pioram..
Abram postos de trabalho; trabalho com direitos assegurados; controlem o enriquecimento ilícito... não os perdoem...
Falar mal de quem pouco tem, com o rendimento social de inserção, é muito fácil... são sempre os mais vulneráveis, os mais desprotegidos!...

Mas HOJE É O 1.º DE MAIO e nós vamos participar em mais uma jornada de luta para combater as injustiças. Todos(as) à Praça! Vivam os trabalhadores e as trabalhadoras! Viva Portugal mais justo e solidário.